10 filmes para você se tornar um amante do cinema nacional

Muitas pessoas caem no erro de achar que “o cinema nacional não é tão bom assim”, dando preferência para produções hollywoodianas na hora de escolher o longa-metragem no cinema. 

E isso acontece em razão da falta de patrocínio e apoio, já que a maioria dos filmes locais não conseguem verba para serem divulgados. Além disso, vale frisar que por conta dos elencos de peso, a comédia brasileira é o gênero mais fácil de ser encontrado em cartaz, certo? 

Porém, um filme de qualidade deve ter um roteiro mais crítico, cultural e diferenciado, com conteúdos que nos façam sorrir e também pensar.

Grandes atores como Fernanda Montenegro, Regina Casé, Lázaro Ramos, Leandra Leal e Rodrigo Santoro encenaram no cinema brasileiro em obras para esse fim, e alguns foram até premiados em nível internacional. 

Já quando falamos da produção e de diretores, podemos citar o talentoso Fernando Meirelles, que teve seu sucesso tão reconhecido que se tornou referência global e hoje produz filmes para empresas gigantes de streaming, como a Netflix.

Ou seja, tudo isso prova que o cinema nacional é de muita qualidade e merece mais do que uma chance: ele precisa estar inserido nas opções de lazer da população do país, pois traz críticas construtivas para a sociedade e retrata o país de outros ângulos, nos divertindo e nos fazendo refletir. 

Então, caso você esteja procurando os longas-metragens de maior sucesso no cinema brasileiro para começar a maratonar nossas obras, nós fizemos uma viagem ao universo cinematográfico do Brasil e listamos os 10 filmes nacionais que todo mundo deveria assistir ao menos uma vez. Prepare a pipoca e vamos lá!

Os 10 maiores sucessos do cinema brasileiro

O Brasil produz muitos longas todos os anos, e fica difícil escolher apenas alguns para essa lista. Então, aqui, selecionamos aqueles que uniram fama, grande procura de bilheteria, dramaturgia e que ainda foram um marco para a cultura, para a arte e para o cinema nacional.

Curioso para saber sobre as resenhas, os atores e as cidades em que as 10 melhores obras do cinema brasileiro foram gravadas — e assim, quem sabe, até te inspirar para uma próxima viagem?

É só continuar conosco neste guia e você descobrirá tudo a seguir.

1. Terra em Transe (1967)

Este filme foi um marco cinematográfico devido às técnicas utilizadas, que estavam presentes apenas em obras internacionais e foram trazidas para o cinema nacional pela primeira vez através do diretor Glauber Rocha. 

Além disso, sua importância se dá por conta da época em que o longa foi lançado: 1967 e em plena ditadura militar. A obra conta a história do senador Porfírio Diaz, que é interpretado pelo ator Paulo Autran e até hoje é visto como um grande nome do cinema brasileiro. 

Repleto de coincidências em relação ao que acontecia no momento atual do Brasil, a trama se passa em um país fictício chamado Eldorado, onde o senador — que odiava a população pobre — acaba se tornando Imperador e precisa competir com outros dois homens, que também tinham o sonho de conquistar esse cargo.

O filme nacional  “Terra em Transe” foi gravado na cidade do Rio de Janeiro, dentro do Instituto Belas Artes, que possui visitas agendadas para turistas conhecerem o local e participarem de diversas atividades em grupos ou em família.

2. Dona Flor e Seus Dois Maridos (1976)

Essa produção cinematográfica foi inspirada em um livro do autor Jorge Amado e a transformação em filme foi feita pelo diretor Bruno Barreto, com gravação durante o carnaval da Bahia no ano de 1943.

O “Dona Flor e Seus Dois Maridos” foi um dos primeiros filmes de José Wilker, que depois disso teve sua trajetória presenteada com muitas novelas. O ator faleceu no ano de 2014 e fazia parte da composição de críticos do Oscar em rede nacional. 

A atriz Sônia Braga também é protagonista no roteiro, e hoje é muito famosa por conta de seus papéis em diversas tramas nas telinhas, como o clássico “Gabriela”.

O filme conta a história de uma viúva que após a morte de seu marido começa a namorar novamente. Porém, o fantasma do esposo aparece quando a mulher sente-se entediada. 

Esse longa é sucesso do cinema nacional e tem um roteiro leve e engraçado, mas ao mesmo tempo serve como crítica sobre o papel da mulher na sociedade.

3. O Que É Isso, Companheiro? (1997)

Por falar em ditadura, caso você seja um amante da sétima arte e queira saber mais sobre esse período no país, “O Que É Isso, Companheiro?” é uma das maiores obras-primas do cinema brasileiro e fala justamente sobre a trajetória desse momento.

O filme retrata os mais diversos perfis de militantes que apareceram, como os estudantes que se tornaram guerrilheiros e planejavam o sequestro de uma figura importante do cenário político: o embaixador dos Estados Unidos.

Esse longa foi gravado no Rio de Janeiro e concorreu ao Oscar na categoria “Melhor Filme Estrangeiro”, lançando posteriormente para o universo artístico os protagonistas da série e do filme “Os Normais”, Luiz Fernando Guimarães e Fernanda Torres.

4. Central do Brasil (1998)

Impossível falar do cinema brasileiro e não citar Fernanda Montenegro e o filme “Central do Brasil”. Fernanda foi indicada ao Oscar de “Melhor Atriz” e a trama é uma das primeiras reconhecidas em âmbito mundial.

A história fala de uma ex-professora chamada Dora que escrevia cartas para analfabetos em meio à estação Central do Brasil. Um dia, Josué — que tinha apenas 9 anos e juntamente com sua mãe já havia pedido para a protagonista redigir cartas ao seu pai— se viu sozinho após uma tragédia e teve a ajuda de Dora para procurar seu pai no interior do Nordeste.

Além de ter um conteúdo dramático e bonito, a história ainda aborda a realidade de milhares de brasileiros que saem das suas cidades de origem em busca de condições de vida melhores, além do abandono de menores por conta da falta de estrutura e ajuda do Estado. 

Com certeza vale conferir essa pérola do cinema nacional.

5. O Auto da Compadecida (2000)

Visto como um dos maiores sucessos que passaram pela televisão, “O Auto da Compadecida” já se tornou um clássico do cinema brasileiro e ganhou até versão em seriado.

Baseado em uma peça de teatro, o filme foi gravado em cenários que lembram o sertão nordestino e tem como protagonistas duas figuras marcantes: um sertanejo contador de história e um mulherengo medroso, personagens interpretados pelos atores Matheus Nachtergaele e Selton Mello.

Ambos são pobres e sobrevivem dando golpes e fazendo pequenos furtos por onde passam. 

Apesar do tom de comédia, a trama traz à tona as dificuldades enfrentadas pela população do Nordeste e a religiosidade do país, e se tornou meme com bordões que são vistos até hoje nas redes sociais.

6. Cidade de Deus (2002)

A vida real que acontece dentro da favela — incluindo a hierarquia no tráfico, as relações familiares complicadas, os sonhos de adolescentes em seguirem uma profissão, a violência e o crime — foram transformados em uma verdadeira obra de arte em forma de longa-metragem.

O que chama a atenção neste filme são os diálogos, a fotografia, as músicas e a tensão entre as cenas, que contam o drama pelos olhos de Buscapé, um jovem que tem o desejo de ser fotógrafo e em busca de seu sucesso se depara com a realidade da comunidade Cidade de Deus.

O “Cidade de Deus” também se passa no Rio de Janeiro e foi um dos primeiros sucessos do diretor Fernando Meirelles, que adora criar histórias que unem o campo político com um leve humor ácido.

7. Carandiru (2003)

Baseado no livro do famoso médico, cientista e escritor brasileiro Drauzio Varella, o filme retrata o presídio Carandiru, que foi fechado em 2002 depois de uma rebelião de presidiários que gerou um dos maiores massacres penitenciários do país.

A trama conta a história de um médico que faz um trabalho de prevenção ao HIV dentro da prisão e encara a realidade cruel que acontece dentro destes lugares, como a homofobia, a violência, a superlotação das celas, o abuso de poder e o consumo de drogas.

Abordar a trajetória de muitos personagens — interpretados por atores famosos, como Rodrigo Santoro — faz com que a população veja com outros olhos, além do massacre em si, o dia a dia dos encarcerados e a influência da sociedade sobre seus destinos. 

A direção deste clássico ficou por conta do cineasta Héctor Babenco, que faleceu em 2016 e deixou um legado no cinema mundial, tendo concorrido ao Oscar com muitas de suas obras.

8. Tropa de Elite (2007)

Este, que é um dos filmes mais conhecidos pela geração atual, pode ser interpretado de diversas formas. Porém, de maneira geral, o longa aborda a corrupção — que faz parte de vários sistemas, indo desde a polícia até empresários e políticos —, o tráfico e o consumo de drogas pela população.

O “Tropa de Elite” tem um roteiro extraordinário, já que fala de diferentes situações que incomodam o brasileiro. Além disso, a direção de José Padilha trouxe uma fotografia impecável e muito profissionalismo à história, e a interpretação de Wagner Moura como Capitão Nascimento se tornou lendária. 

O filme tem uma continuação — o “Tropa de Elite 2” — que foi um dos maiores sucessos de bilheteria do cinema nacional. Vale a pena conferir!

9. O Lobo Atrás da Porta (2014)

Para quem gosta de histórias que não tenham tanto contato com o campo político, “O Lobo Atrás da Porta” é um dos maiores nomes do cinema brasileiro, justamente por conter complementos que são muito utilizados lá fora.

O filme fala de um casal que tem o seu filho desaparecido, e a visão de todos os personagens — inclusive da amante do pai, interpretada pela atriz Leandra Leal —, faz com que o desfecho seja surpreendente e nos mostre que, na realidade, ninguém é 100% bom ou ruim.

10. Que Horas Ela Volta? (2015)

A excelente atuação da atriz Regina Casé traz, de uma forma dramática, a desigualdade social que existe no Brasil. A trama fala de uma doméstica que se mudou de Pernambuco para São Paulo em busca de trabalho, e por conta disso teve que deixar sua filha para outros familiares cuidarem.

A trajetória tem uma reviravolta quando os caminhos voltam a se cruzar, graças à decisão da jovem de prestar vestibular em uma faculdade federal, na mesma categoria que o filho de sua patroa concorre.

Os abalos da relação familiar devido à decisão da empregada e a busca por mudança fazem com que essa preciosidade do cinema brasileiro prenda a atenção do telespectador e conquiste todos os corações do início ao fim. Grande parte deste mérito está no roteiro e nos personagens, que possuem características em comum ao cotidiano de muitos.

O longa-metragem “Que Horas Ela Volta” venceu diversas premiações do cinema nacional e internacional. Portanto, caso ainda não tenha visto, não deixe de incluir esse sucesso na sua lista, ok?

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